domingo, 3 de agosto de 2014

Ressonância 60º

Capitulo Sessenta

Avaliação Anual - Parte 4

  Lukas já perdia as forças. O mormaço que saia das mãos de Max estavam começando a incomodar. Max segurou o arco de Lukas e com um tranco, tirou de sua mão. A arma, ao perder o contato com as mão de Lukas, voltou a forma de anel.
  Max olhou o objeto e o jogou para trás. O anel caiu próximo a borda, e Lukas suspirou aliviado por não ter caído da plataforma.
  - Vamos Lukas - Disse Max - Desista.
  Lukas negou. Não tinha nenhum plano em mente, já que seu arco se fora, mas não iria jogar a toalha. Ele precisava de tempo. Olhou de um lado para o outro e viu outra plataforma próxima. Em um salto, Lukas se equilibrou novamente em pé, e correu o máximo que pode para pular. Antes que pudesse tirar os pés do chão, foi barrado por Max que apareceu na sua frente.
  - Serio Lukas - Disse Max - Desista.
  Lukas deu alguns passos para trás, quando tocou em uma parede. Olhou esperando encontrar uma ruína ou algo do tipo, mas nada viu. Assim que tocou novamente, letras surgiram na área do toque. Ele colocou as runas. Não estava blefando. Pensou Lukas.
  As runas distraíram Lukas, que não percebeu a aproximação de Max. O chute acertou o braço direito do espiritualista, que caiu no chão. Pode-se ouvir um splash quando Lukas bateu na água. Ficou sentado e encarou Max, que ficou parado e serio, como se estivesse em transe.
  Quando foi se levantar, ao apoiar na terra lamacenta na margem do pequeno lago, lembrou de um detalhe. Fiquei pensando em todas as coisas que ele falou. Sobre suas habilidades, que esqueci das minhas.
  Lukas se levantou com um sorriso no rosto.
  - Você não pode prever este futuro - Disse Lukas esticando o braço na direção de Max
  Por um momento, Max pareceu confuso, mas logo voltou a seriedade.
  - Mundo subaquático, eu lhe invoco. - Lukas pareceu se animar com a expressão de Max - MIZU (1)
  A água do pequeno lago estourou e flutuou até estar entra Lukas e Max. Tomou forma e a pequena garotinha apareceu, exatamente com na ultima vez.
  - Mizu - Disse Lukas - Impeça seus movimentos.
  A garotinha, de vez obedecer, virou-se para ele. Estava irritada, dava para perceber.
  - Ai ai - Disse ela - Inacreditável. Ele não consegue lutar por conta própria e me chama.
  - Como é que é? - Disse Lukas desacreditando no que ouvira.
  - Você devia parar de nos chamar e ser mais espertos na hora de lutar - Gritava Mizu revoltada - Onde já se viu, eu no meio do meu lindo sono, sou acordada aqui e, onde exatamente é aqui?
  - Para de reclamar - Disse Lukas - Eu te chamei pra me ajudar a parar ele, larga de frescura e faça algo.
  Ela virou-se para Max e cruzou os braços.
  - Cara folgado - Sussurrou ela.
  - O que? - Gritou Lukas, mas logo se acalmou - Bem, se você não faz, quer dizer que não consegue.
  Mizu virou o rosto para ele. Um olhar irado estampado nos olhos dela. Psicologia inversa. Pensou Lukas. Sempre funciona.
  O que restou da água do pequeno lago foi erguido com os poderes de Mizu. Ela criou pequenas esferas de água e começou a bombardear Max. Os ataques eram um pouco mais lentos que de Kaze, mas Mizu parecia ter uma mira um pouco melhor, já que Max começou a ter dificuldades em desviar deles.
  Primeiro um ataque próximo a cabeça do garoto. Mizu parecia querer afoga-lo com suas munições. Dois esferas, Max conseguiu se proteger com as mãos, mas aquilo começou a machucar, e então resolveu desviar.
  Logo que Mizu percebeu a mudança de postura de Max, começou a atacar seus pés, para tentar derruba-lo.
  Max era rápido e estava se saindo bem. Então Mizu resolveu mudar os ataques. Ela criou uma bolha de água e prendeu Max dentro dela.
  Com o ataque bem sucedido, a pequena garota apenas sorriu, mas mudou de expressão ao ver vapor saindo da água. As mãos de Max estavam vermelhas novamente. Bolhas de vapor se formavam e saim da esfera de água.
  - Essa luta não vai levar a lugar nenhum. - Disse Mizu - Estou voltando. Me chame quando for fazer algo realmente importante.
  Num piscar de olhos, Mizu se desfez em água e desapareceu. A bolha que prendia Max também se desapareceu e o garoto estava torcendo a camisa molhada.
  - Um espírito novo - disse ele - Essa nem mesmo eu previ. Bem, hora de acabar com isso.
  Quando voltou seus olhos para Lukas, viu o garoto passar em uma velocidade incrível ao seu lado. Sem tempo para reagir, apenas virou e seguiu com os olhos o percurso que o adversário fazia.
  Lukas se jogou no chão e pegou seu anel de volto. Ao tocar os dedos do garoto, voltou a ser o arco. Se levantou e com a flecha mirou em Max.
  - Você sabe que não vai me causar dano. Uma dor temporária, mas vou continuar capacitado a batalhar.
  Lukas não perdeu a concentração. Fechou os olhos por alguns instantes e pensou no que lera a algum tempo.
  Quando abriu os olhos, um pequeno circulo do poder apareceu em seu olho direito.
  A capacidade de enxergar aumentou. Lukas podia ver ate a mais minúscula das formigas em um raio de cinquenta metros. Errar um alvo era impossível.
***
  - O que ele esta fazendo? - Perguntou o diretor impaciente.
  - Ele esta testando as novas habilidades que possui - Disse Samantha.
  - Aqui não é lugar para se testar habilidades. Ele vai matar o Max.
  - Como se você se importasse - Retrucou Samantha - E não se preocupe. O que ele esta fazendo e vai fazer não vai matar ninguém. 
  - Isso é bom - Aliviou-se Dianna
  Samantha tinha fé. Mas sabia que a ideia de Lukas não ia dar certo.
***
  A flecha estava preparada e Lukas também. Max não tinha como fugir.
  - Isso acaba aqui - Disse Lukas.
  Deu mais uma respirada profunda. Tudo parecia perder o som. Era apenas ele e as batidas de seu coração.
  - Rajad Ventorum (2) - Disse Lukas.
  Ele atirou e a flecha foi em direção a Max, que por sua vez, colocou os braços em frente ao corpo para que as flechas acertem os membros e não causem tanta dor. Por entre os braços, ele viu a flecha se aproximar e desaparecer, como se nunca tivesse sido lançada.
  Tudo esta dando certo até agora. O ataque esta indo igual escrito no livro, só preciso de um tempo. Pensou Lukas. Mas foi ai que ele notou. Seu corpo gelou. Um espanto percorreu seu corpo. Esta funcionando. Max não pode defender isso. O que estou fazendo? Lukas, não pode ataca-lo com isso.
  Uma tremor percorreu o corpo de Lukas. Algo brilhou atrás dele. Quando se virou viu seu circulo mágico.
  - Hãm - Foi a única coisa que conseguiu dizer.
  O circulo brilhou e varias flechas se projetavam e atacam Lukas. Ele tentou se jogar para o lado, mas muitas das flechas acertaram seu corpo. A dor era insuportável, e o grito de dor pareceu ecoar por toda arena.
  Lukas caiu no chão imóvel. Seus olhos abertos piscavam, o que mostrava que estava vivo. Seu corpo estava vermelho, causada pelas flechas.
  Max correu até Lukas e se ajoelhou ao lado dele.
  - O que você fez consigo mesmo? - Perguntou ele.
  - Talvez não tenha dado certo - Respondeu Lukas sem mexer um músculo - Talvez eu não tenho feito direito. O que importa agora? Eu não tenho nenhum objeto Max, pode continuar.
  Max olhou para ele. Concordou com  a cabeça, se levantou e foi ate a borda da plataforma e pulou para a seguinte, desaparecendo.
***
  Depois de tanto correr, Laura optou por caminhar. O mapa passou de indecifrável para confuso. Depois de achar um ponto de referencia, ela parecia seguir o caminho certo para achar o próximo altar. Pular as plataformas começou a ficar fácil. Era só dar um impulso e pronto.
  Graças a sua habilidade, não precisou mais consultar o mapa depois de vê-lo duas vezes. Ela sabia que depois de pular mais três plataformas chegaria até outro altar. Agarrando-se a borda de uma outra plataforma um pouco mais acima da que estava, ela subiu sem nenhuma dificuldade.
  Era uma plataforma enorme, a maior que ela já tinha estado. Não conseguia enxergar o final por causa das grandes arvores.
  Adentrou na plataforma e foi abrindo caminho com as mãos. Era bem denso e as arvores impedia que muitos dos raios luminosos passassem. O ar estava fresco, perfeito para tirar um cochilo, como pensava ela.
  Um som nos arbustos chamou sua atenção, e antes que pudesse se virar por completo, algo se chocou com seu corpo e foram para o chão. Dois gritos femininos ecoaram por entre as arvores.
  - Laura-Chan (3) - Disse Samira cansada.
  - Ola Samira - Disse Laura - O que houve?
  Samira se levantou e ajudou Laura a se levantar. Samira parecia preocupada e olhava de um lado para o outro. Logo tirou do bolso um objeto circular feito de metal com escritos em dourado.
  - Encontrei isso logo depois que nos separamos - Disse ela - Estava em um outro altar. Mas Jessie me seguiu e começamos uma batalha. Consegui distrai-la e então fugi para cá.
  - Mas - Disse Laura - Como passou pelas runas?
  - Runas? - Samira demorou para lembrar das runas citadas pelo diretor - A sim, não tinha nenhuma. Acho que não deu tempo de fazer.
  Laura pensou no que poderia ter acontecido para não ativarem as runas
  - Vamos, acho que encontrei outro. - Disse ela.
  - Serio?  - Disse Samira surpresa - Vamos então, antes que Jessie nos alcance.
  Laura ficou seria.
  - Jessie estava seguindo você?
  - Eu te disse - respondeu Samira - Eu tentei despista-la, mas ela deve estar correndo atrás de mim.
  Então Laura arregalou os olhos.
  - O que foi Laura?
  - Não se pode despistar Jessie, Samira. Muito menos ganhar uma corrida com ela. A habilidade dela não permite isso.
  - Ola meninas - Disse a voz feminina atrás delas.
***
  - E agora eles tem dois objetos, e os veteranos nenhum. - Disse Samantha, provocando o diretor.
  Dava para notar o diretor apertando as mãos uma contra a outra.
  - Mas um deles não esta mais capacitado para lutar. Estão em desvantagem numérica.
  - Números não importam - Respondeu Samantha sabendo que ganharia aquela discussão - A qualidade sim. E é esse o objetivo que essa avaliação deveria seguir.
  O diretor ficou calado. Samantha,orgulhosa virou-se para Dianna e viu ela olhando para a arena. Parecia procurar alguém.
  - Quem esta procurando Dianna? - Perguntou ela.
  - Trevor - Respondeu a professora - Não o vejo desde o encontro com Max.
  - Ele deve estar bem. Agora veja, parece que mais dois meninos estão pare se encontrar.
  - E assim, mais um dos calouros perde - Debochou o diretor.
  Veremos. Pensou Samantha.
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(1) - Água
(2) - Rajada dos ventos.
(3) - Sufixo que demonstra informalidade, confiança, segurança, afinidade com outra pessoa.

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