domingo, 30 de junho de 2013

Ressonância 8º

Capitulo Oito


  Diego não sentiu o impacto com a parede. Apenas foi perdendo velocidade e altitude ate cair no chão.
  - Ai, isso doeu - Gemeu ele.
  Ele se levantou com muita dificuldade, seu corpo inteiro doía por causa do impacto. Ele não conseguia ver mais ninguém, mas o barulho de tiros e impactos de laminas mostrava que os outros não estavam muito longe. Sua espada estava a cerca de três metros dele. Olhou de um lado para o outro, mas não viu nenhuma das criaturas por perto. Então correu em direção a sua espada.
  Um vento forte fez Diego cair para o lado, a sorte era que isso fez com que ele chegasse mais perto da espada. Quando eu olhou, viu uma menina totalmente estranha se divertindo em cima de uma das criaturas.
  - Kaze - Ouviu Lukas gritar - Isso não é um cavalinho de madeira, é um monstro que esta querendo nos matar. Poderia fazer o favor de descer dai e ajudar?
  Diego não consegui ouvir o que Kaze respondeu, pois no mesmo instante, ela jogou uma forte rajada de vento que atirou a criatura á uma distancia que parecia ser muito maior que a sala. Diego foi arrastando até a espada, no mesmo momento outra criatura surgia da escuridão, vindo em sua direção. Sua mão tocou na arma, que foi levantada contra a criatura. Diego sentiu o peso de uma corpo por cinco segundos, ates da criatura desaparecer.
  Samira estava confiante, suas colts tinham munição infinita, o que lhe permitia continuar sem nenhum arranhão naquele treinamento. Suas setas também ajudam, mas ela já estava ficando sem energia para lança-las contra os adversários.
  Lukas não sabia se lutava ou brigava com Kaze sobre o que fazer  e o que não fazer. Ela era forte, mesmo que fosse mais fraca que a primeira vez, podia lançar os inimigos a uma distancia impressionante. Ela parecia se divertir com as criaturas. É uma criança. Disse Lukas a si mesmo. Você queria o que?
  Trevor parecia ser o único que não estava sem energia, ele não tinha demonstrado sua habilidade durante o treinamento. Sempre sem qualquer expressão facial, atacava as criaturas com sua foice como se já fizesse isso a anos.
***
  - Não acha que já esta bom para o primeiro treinamento? - Perguntou Dianna.
  Max estava debruçado na janela observando os quatro, ele ria sempre que um deles era atacado por um dos Onis. 
  - Por mais que esteja divertido - Murmurou Max - Dianna tem razão, eles sobreviveram por vinte minutos, para falar a verdade, já passaram trinta. Esta abusando demais da capacidade deles.
  Samantha não pareceu muito contente com o comentário dos dois, mas percebia que todos estavam se cansando, ate mesmo Trevor parecia mais lento.
***
  Lukas já estava cansando daquilo. Definitivamente já se passaram vinte minutos. Ele já estava irritado. Não conseguiria deixar Kaze invocada por muito mais tempo. Estava ficando mais lento e estava começando a errar os alvos, olhou para o lado e viu Samira no mesmo estado que ele. Diego e Trevor haviam desaparecido.
  Samira perdeu as contas de quantas criaturas ela tinha matado. Quanto mais ela matava mais aparecia, e já estava cansada. Suas flechas não funcionavam mais, e seu braço doía muito. Uma das criaturas que tinha sobrado estava vindo em sua direção, e ela não tinha mais força para enfrentar. Então fechou os olhos e espero o golpe, que não veio.
  Quando abriu os olhos percebeu que estava novamente na arena, Lukas estava parado próximo dela e Diego e Trevor do outro lado da arena.
  - O treinamento acabou - Gritou Samantha - Voltem para seus quartos e tomem um banho. O almoço sai daqui vinte minutos. Conversaremos mais tarde.
  Vinte minutos. Pensou Lukas. Por que sempre vinte minutos.
  
  Depois do banho, Lukas ficou esperando Samira sair de seu quarto. Uma mala estava na cama de baixo do quarto de Lukas, o que significava que seu colega de quarto havia voltado. 
  Pouco tempo se passou antes que Samira saísse do quarto. Usava uma blusa preta e short branco com uma sapatilha da mesma cor. Sem falar muita coisa, os dois seguiram até a cantina, uma porta branca com vários símbolos estranhos dava passagem para o único lugar atraente da academia.
  - Macarrão? - Disse uma menina saindo da cantina - Por que só tem macarrão nesse lugar?
  Lukas não sabia qual era o problema daquela menina, macarrão era o prato favorito dele.
  Samira e Lukas encontraram Diego sentado com uma menina em uma das mesas do canto. Samira ficou indignada com a velocidade que Diego conseguia impressionar as garota. Lukas sentou em uma das primeiras mesas e Samira sentou em sua frente.
  - Macarrão - Disse Lukas - Uma das sete maravilhas do mundo.
  - Não exagera - Disse Samira.
  - Konnichiwa(1), o que desejam?
  Samira levou um mini susto. Uma garota de estatura media estava na frente da mesa com um sorriso contagiante segurando uma caneta e um bloco de anotações esperava pacientemente pelo pedido. Lukas e Samira nunca tinham pedido nada e muito menos sabiam o que pedir.
  - Laura - Disse um garoto encostado na parede - Poderia me  trazer um refrigerante bem gelado, três pratos de macarrão ao molho branco e... - Ele olhou para nós - Vão querer refrigerante pro almoço?
  Os dois concordaram.
  - Isso é tudo Laura - Terminou ele.
  - Já volto - disse ela entrando na cozinha.
  O garoto aproximou-se e sentou ao lado de Samira, que não pareceu muito contente com a ação. Parecia ter uns doze anos de idade, usava uma camiseta de um anime, que nem Lukas, nem Samira sabiam qual era, um short vermelho e chinelos.
  - Olá - Disse ele - Acho que não me reconhecem, eu estava no treinamento de vocês. E devo admitir que foi hilario, vocês tinham que ver suas caras - Quando parou de rir, respirou fundo e continuou - Meu nome é Max.
  Samira e Lukas se entreolharam. Os dois achavam que aquele garoto tinha algum problema. Lukas pegou ar para falar algo quando viu Laura voltando da cozinha equilibrando três pratos de comida nas mãos e três latas de refrigerante na cabeça. Quando chegou a nossa mesa, jogou os pratos, um pra cada um, e depois pegou as latas da cabeça e distribuiu delicadamente os três na mesa.
  - Bom apetite - Disse ela.
  Apesar do sorriso, Lukas via que a garota não estava muito feliz não. Ele a acompanhou com os olhos ate ela virar para dentro da cozinha.
  - Coitada - Disse Max.
  - Por que? - perguntou Lukas - O que há de errado com ela?
  Max pensou um pouco, comeu duas garfadas de macarrão e voltou a pensar. Samira comia feito uma louca, como se nunca tivesse comido na vida. Lukas cansou de esperar uma resposta e começou a comer. Delicioso. Pensava Lukas a cada vez que ele comia um pouco daquele macarrão.
  - Laura é a unica alquimista que trabalha dentro da academia. - Disse Max.
  Ele não parecia mais a mesma criança de cinco minutos atras, seu olhar agora era triste e vazio, como se sentisse a dor daquela menina.
  - Todo alquimista pode fazer trabalhos, é só ir ate a biblioteca e escolher um no mural, o trabalho tem como recompensa o dinheiro, que você deve usar para pagar as despesas extra na academia. Porem, Laura convenceu Samantha a criar uma cantina para que ela pudesse trabalhar em um local mais seguro. 
  - Mas Laura não tem habilidades? - Perguntou Samira - Quero dizer, se você disse que todo alquimista pode trabalhar, significa que ela também é uma, né?
  Max concordou com a cabeça.
  - Laura é uma alquimista, porem não tem uma habilidade de combate como você Lukas. Alquimistas são divididos em dois grupos, os de combate e os suporte, que é o seu caso Samira., porem sua habilidade é muito poderosa que pode ser usada como arma facilmente. Porem, Laura não tem uma habilidade de suporte muito poderosa, e também não sabe lutar com nenhuma arma.
  - E, que tipo de habilidade ela tem? - Perguntou Samira.
  - Ela tem memoria eidética - Continuou Max - Ela tem a capacidade de se lembrar de qualquer coisa vista ou feita em um nível de detalhe perfeito.
  - Mas, com uma habilidade dessas, por que ela estaria infeliz? - Perguntou Lukas.
  Max respirou fundo antes de responder.
  - Como eu disse, alquimistas pagam as despesas extras, então todos devem trabalhar para conseguir dinheiro, mas como Laura é a unica que trabalha dentro da academia, ela depende dos outros alquimistas para viver aqui, porem poucos pagam ela.
  - Que maldade - Disse Samira.
  Max não disse nada, apenas se levantou e deixou dez dólares no balcão.
  - Mas ainda tem pessoas que pagam ela pelo serviço. - Disse ele.
  Lukas e Samira saíram logo atras deles e também deixaram dinheiro no balcão.
  - Outro problema também é que Laura só faz macarrão, pois é a unica coisa que ela aprendeu a fazer, e como ninguém ensina outros tipos de comida á ela, é só macarrão que terá naquela cantina.
  Lukas pensou em ajudar aquela garota comprando um livro de receitas para ela, mas primeiro tinha que organizar sua nova vida.
  Como não tinham nada planejado para aquela tarde, Lukas e Samira foram para a cobertura, Max foi junto explicando cada detalhe que Samantha não tinha explicado no nosso tour. 
  Quando chegaram a cobertura, Max se animou para jogar basquete e saiu correndo em direção ao grupo que jogava na quadra.
  - Quase me esqueci - Gritou ele correndo - Bem vindo colega de quarto.
  Lukas entrou em estado de choque. Ele é meu colega de quarto? Pensou ele. Samira não conseguiu segurar e começou a gargalhar daquela situação.

  Lukas e Samira estavam assistindo o jogo de basquete, conversando e rindo juntos, tudo estava ótimo, depois do almoço, os dois ficaram ali em cima a tarde inteira e estava começando a escurecer.
  - Você vai voltar aqui semana que vem? - Perguntou Samira.
  Lukas demorou para responder, ele não sabia o que pensar, tinha sido divertido, mas ate quando ele poderia esconder aquilo do pai? Como poderia ficar indo e voltando para sempre?
  - Eu estava pensando em não sair mais daqui. - Respondeu ele.
  - Como é? - Gritou Samira assustada - E seu pai? A escola?
  - Eu vou á escola Samira - Respondeu ele - Mas quero proteger minha família, vou treinar, ate ter força suficiente para destruir um exercito inteiro daquelas coisas.
  Samira não respondeu, ela sabia que ele estava certo, apesar de não querer admitir aquilo. Ela poderia fazer igual ao Lukas, mas sentiria saudade da mãe. Você tem que protege-la Samira. Disse para si mesma. E o melhor jeito de fazer isso é ficando longe dela. Você atrai aquelas coisas.
  - Tem certeza que é isso que quer? - Samira perguntou.
  Lukas balançou a cabeça desanimado.
  - Então vou ficar aqui com você - Decidiu ela - Se pensa que vai se livrar de mim esta muito enganado.
  Eles riram juntos. Aquela manha foi a pior de todas, mas aquela tarde estava sendo a melhor.
  Lukas, Samira, Diego e Trevor, favor comparecer a sala da Samantha-Sama(2) agora! Era a voz da Dianna.
  - Por que sempre a gente? - Perguntou Samira.

  Diego já estava na sala, sentado em uma cadeira, mexia as mãos demonstrando desconforto. Quando viu os amigos relaxou os ombros. Encostado na parede do fundo estava Trevor usando o mesmo manto de sempre, só que dessa vez sem a foice.
  - Ola garotos - Disse Samantha entrando na sala.
  Ninguém respondeu, mas todos foram para perto da mesa dela, esperando uma explicação logica para chama-los. Ela sentou-se na cadeira e respirou profundamente. Depois deu uma boa olhada em cada um e esticou a mão direita.
  - Entregue-me seus objetos - Ordenou ela.
  Lukas, Diego e Samira ficaram parados com um olhar que queria dizer: você quer o que? 
  Trevor foi o primeiro a ter um ação. Ele retirou a corrente do pescoço, onde continha uma cruz prateada com uma pedra cor verde-água no centro, envolta da pedra continha quatro morcegos e em cada ponta da cruz havia uma trifurcação. 
  A ficha dos três havia caído. Era desse objeto que ela estava falando. Samira entregou seus hashis, Diego entregou o bracelete e Lukas entregou os anéis.
  Samantha começou a examinar cada objeto. Lukas deduziu que aquela cruz fosse a foice do Trevor, já que os objetos dele e dos amigos também eram armas. Todos estavam quietos e esperando as conclusões de Samantha.
  - Eu estava certa - sussurrou.
  - Você estava certo com o que? - Perguntou Lukas.
  Samantha suspirou, debruçou ate o alto falante e falou.
  - Max, compareça a minha sala.
  Enquanto esperava, Dianna apareceu e ofereceu bolacha aos quatro na sala. 
  Pouco depois, Max entrou na sala correndo, um sorriso estampado e suor por todo rosto. O jogo de basquete. Pensou Samira.
  - Sim Samantha - Disse ele - O que foi?
  - Aquela sua visão - Começou ela - Você disse que viu apenas a garota que esta hospedada aqui, as outras pessoas que batalhavam tinham suas imagens embaçadas. Você acha que pode ver se eles estão nessa batalha?
  Max olhou para os quatro. Ele examinava a expressão de cada um, olhava no fundo dos olhos. Balançou a cabeça em negação.
  - É impossível que esses quatro estejam lá, quais são as chances de cinco dos oito da geração estejam aqui no Canada?
  - Apenas faça o que eu disse.
  Max bufou. Foi em direção aos quatro.
  - Vamos tornar isso mais fácil se vocês não fizerem perguntas, esta bem? - Falou Max - Agora, quero que todos façam um circulo e deem as mãos.
  Mesmo querendo protestar, os quatro obedecerem e formaram um circulo e deram as mãos. Logo depois, Max se juntou a eles e deu a mão para Diego e Trevor. Os quatro ficaram olhando para Max, esperando que algo acontecesse com ele. E aconteceu.
  Depois de alguns segundos de silencio, Max se curvou para trás, seu olho esquerdo começou a brilhar em uma mistura de azul com branco. Samira se assustou e tentou puxar a mão, mas parecia que estava grudada á do Lukas e a do Trevor. E no mesmo instante que isso aconteceu, acabou. E Max cai no chão.
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(1) - Olá, formalmente, usado no período da tarde.
(2) - Senhor ou Senhora, dependendo do contexto.

domingo, 23 de junho de 2013

Ressonância 7º

Capitulo Sete


- Que tédio - Resmungou Lukas.
 - Calma - Disse Samira - Daqui a pouco vai ao nosso primeiro treinamento, e aposto que você vai amar ter ficado aqui nessas escadas.
 Lukas apenas bufou em resposta. Os três ficaram sentados na frente da academia à manhã toda.
 - Será que vamos treinar juntos? - perguntou Lukas.
 - Espero que sim, o que acha Diego?
 Mas Diego não respondeu. Ele sentia que tinha algo de diferente com aquela figura encapuzada que passou por eles há uns cinco minutos atrás. Como se aquela pessoa fosse mudar alguma coisa, fosse fazer algo muito importante no futuro.
 - Diego! - Gritou Samira - Estou falando com você.
 Diego voltou a si. Já não segurava mais a bola, e muito menos sabia onde ela tinha ido parar.
 - Hã - Pensou Diego - Claro.
 Samira sabia que ele nem ouviu o que ela tinha perguntado, mas não quis discutir.
 ***
 Dianna levou os três ate o subsolo, onde ficava a grande arena. Samantha encontrava-se na pequena salinha que tinha acima da arena. Ela parecia animada. Mais uma pessoa estava com Samantha. Um garoto que não era nada familiar.
 - Lukas - Disse Dianna - Deite-se aqui, por favor.
 Lukas obedeceu e deitou em uma espécie de maca. Dianna dobrou o lado direito da bermuda dele e analisou o curativo que ele tinha feito.
 Lukas estava tão ocupado esse final de semana que tinha se esquecido do ferimento e da dor. Agora que olhava novamente para aquelas ataduras manchadas de sangue, a dor parecia voltar.
 Dianna começou a remover as ataduras, e a dor começava a aumentar. Quando tudo foi retirado, a dor diminuiu um pouco, e Lukas pode ver a situação da sua perna. Cinco ferimentos que estavam cicatrizando e uma marca roxa de mão. Dianna levantou uma das sobrancelhas.
 - Curioso. - Disse ela - Ferimentos causados por Onis não curam, a não ser que use o necessário. Como se curou?
 - E você pergunta isso pra mim? - Respondeu Lukas - Você esta mais tempo nisso do que eu.
 Dianna olhou para Samantha a procura de respostas, mas obteve apenas um olhar pensativo.
 - Veremos isso depois - Disse Dianna - Mas ainda precisamos cuidar disso. Não pode treinar com a perna desse jeito.
 Dianna olhou de um lado para o outro, quando viu um menino, sorriu e acenou para ele.
 - Digory - Disse ela - Venha aqui, por favor.
 - O que foi Dianna? - Perguntou Digory.
 Era alto, mas não parecia ter mais de catorze anos de idade. Usava uma camiseta polo azul e short jeans. Olhos azuis de deixar qualquer um com inveja.
 - É um machucado simples - Respondeu Dianna - Mas quero que elimine isso.
 O garoto examinou o machucado, retirou uma caneta esferográfica do bolso.
 - O que você vai fazer? - Perguntou Lukas.
 - Calma - Respondeu Digory - Não vai doer nada, garanto.
 Lukas não pareceu acreditar naquilo, olhou para seus amigos, eles pareciam intender menos ainda. Digory sentou ao lado de Dianna, e com a caneta começou a escrever alguma coisa, mas Lukas não conseguiu intender o que era, parecia ser em outra língua. Quando terminou de escrever colocou a mão em cima da escrita.
 - Kido suru (1) - Sussurrou ele.
 Seja o que for que Digory tenha escrito começou a brilhar, os cinco furos causados pelo onis desapareceram quase que imediatamente.
 - Pronto - Disse Digory - Novinho em folha.
 - Obrigado Digory - Disse Dianna - Pode ir agora.
 Digory deu meia volta e saiu da sala, Dianna viu a expressão de espanto e duvida no rosto dos três e riu.
 - Digory é um escriba - Começou ela - Ele pode escrever runas de poder. Aquela que ele escreveu em você é uma runa de cura. Ele trabalha na enfermaria, mas passa mais tempo aqui na arena para ajudar quem precisa.
 - Mas ele não tem família? - Perguntou Samira.
 A expressão de Dianna mudou, ela parecia ser a pessoa mais sinistra daquela academia.
 - Quando ele era pequeno desenhou, sem querer, uma runa de explosão, e acabou destruindo a própria casa. Os pais ficaram assustados e mandou ele embora.
 - Que maldade - Sussurrou Samira.
 - Bem - Disse Dianna - Vamos vocês já estão atrasados.

  Diego não estava muito confiante com relação ao treino. Ele sabia que algo não ia dar certo.
 - Muito bem - Disse Samantha - Me mostrem tudo que sabem fazer.
 Samantha parou, seus olhos foram de encontrou a uma figura parada do outro lado da arena.
 - Você também veio - Disse ela - Ainda bem. Vamos, junte-se aos outros para o treinamento.
 Os três espremeram os olhos para ver quem era que estava nas sombras. A primeira coisa que apareceu foi à foice. O garoto que chegou hoje de manhã. Pensou Diego.
 Logo depois surgiu ele, mas ainda encapuzado e não dava para ver o rosto.
 - Desculpe a demora - Disse o garoto.
 Familiar. Pensou Lukas. Muito familiar.
 Ele, então, tirou o capuz.
 - Você! - Gritou Samira e Lukas ao mesmo tempo.
 - Ohayo minna(2) - Disse ele.
 Era Trevor, o garoto novo da escola. Lukas sempre suspeitou que tivesse algo de errado com aquele garoto, mas não sabia que ele chegava ao ponto de ser um alquimista.
 - Vocês já se conhecem? - Perguntou Samantha - Melhor ainda, assim esse treinamento vai ficar muito mais interessante.
 - Quem é ele? - Perguntou Diego.
 - Uma longa historia - Disse Samira - Mas vamos voltar o foco no treinamento.
 Um sorriso maléfico se formou no rosto de Samantha. A sala se tornou mais escura, tudo sumiu, era como se eles estivessem um lugar nenhum.
 - O objetivo é simples - Disse a voz de Samantha - Sobrevivam por vinte minutos. Isso é tudo. Boa sorte.
 - O que ela quis dizer com sobrevivam? - Perguntou Diego.
 Um rugido veio de trás dos quatro. Trevor foi o primeiro a virar, seguidos dos outros.
 - Mas o que? - Gritou Samira.
 Uma tropa de pelo menos cinquenta cachorros infernais estavam se preparando para atacar.
 - Isso responde sua pergunta - Gritou Lukas para o Diego.
 - De novo esses caras? - Falou Samira.
 Não deu tempo para responder, aquelas coisas foram em direção aos quatro. Cada um foi para um lado, tentando desviar dos ataques das criaturas.
 Samira correu, sabia que não iria escapar, já que estava em uma sala fechada. Colocou a mão no bolso e retirou os dois hashis, que automaticamente se transformaram nas duas colts.
 Ela virou para trás e começou a atirar. O primeiro acertou em cheio a cabeça e a criatura sumiu, mas foi diferente das outras vezes, esse apenas sumiu, não evaporou como os outros.
 Estranho. Pensou ela. Sem parar, ela mirava e atirava. A maioria acertava, mas tinha sempre os mais espertos que conseguiam desviar.
 - Samira - Gritou Diego - Atrás de você.
 Samira virou e viu seu fim, tinha um com a pata preparada para arremessa-la contra a parede. Ela sabia que não ia dar tempo de atirar. Era o fim.
 - Não ouse tocar nela - Gritou Lukas do outro lado da sala.
 Ele já estava com o arco nas mãos e a mira era perfeita.
 - Mais um movimento e eu te mando para inferno! - Gritou Lukas.
 O bicho não pareceu se importar, pois não tirou os olhos da Samira.
 - Eu avisei - E atirou a flecha.
 Um feixe de luz roxo cortou o ar e acerto bem nas costas da criatura, que sumiu.
 - Esses são diferentes dos outros - Comentou Samira.
 - É claro que são - Respondeu Lukas - Não são reais, são hologramas, por isso desaparecem quando matamos.
 - Gente - Disse Diego - Conversar menos, atacar mais.
 Lukas retirou mais uma flecha e atirou na criatura mais próxima. As flechas dele estavam diferentes da outra vez. Eram feitas de madeira e agora são feitas de algum material estranho, tinha um brilho roxo em volta, Lukas não sabia dizer o que era, mas era mais forte que as outras vezes.
 Diego estava com um pouco de problemas, a espada dele não podia alcançar uma área muito grande, então ele tinha que ir contra as criaturas, e isso séria fácil, se eles não ficassem em grupos. A vantagem era que um simples corte já fazia as criaturas desaparecerem.
 - Mas, se são hologramas como podem sentir quando nossas armas tocam neles? - Perguntou Diego
 - Eu sei lá - Respondeu Lukas.
 Lukas se distraiu, e quando percebeu meia dúzia de cachorros raivosos tinham encurralado ele. Pegou uma flecha e mirou para o bicho do meio, ele sabia que não conseguiria acertar todos. Preparou para atirar quando ouviu o barulho de algo cortando o vento.
 Quase que imediatamente, todos os onis desapareceram e a única coisa na frente do Lukas era Trevor segurando a foice com as duas mãos.
 - Não abaixe a guarda - Disse ele.
 - Hai - Respondeu Lukas e os dois voltaram para a luta.
 ***
 - São bons - Disse a Dianna.
 - Mas ainda não podemos testar as habilidades deles se eles não usarem Dianna - Disse Samantha.
 Os três estavam observando o treinamento da pequena sala que ficava em cima da arena.
 - Mas, mesmo assim - Retrucou Dianna - São bons, cada um com seu jeito diferente.
 - Max - Chamou Samantha - Consegue ver algo.
 O garoto surgiu das sombras.
 - Preciso de um contato físico, caso contrario não posso garantir nada, mas estou avisando Samantha, já disse o que futuro que você esta querendo criar vai causar. Você esta atrás da geração, e não vou te impedir, mas pense bem no que vai fazer.
 - O que esta querendo dizer Max? - Perguntou Dianna.
 - Como você sabe, já temos uma garota que estará na geração. Quando toquei nela, vi o futuro de uma batalha, mas a única pessoa que eu consegui ver foi ela, e estava muito diferente do que é hoje, o que significa que vai demorar a acontecer. Mas havia mais sete pessoas junto, e eu não consegui ver, estavam negras e embaçadas. Penso que, quando eu tocar nessas pessoas que fazem parte da nova geração, as imagens vão clareando.
 ***
  Os três já estavam cansando daquilo, Lukas já se perguntava se os vinte minutos já tinha passado, Samira queria saber quando aquilo teria fim. Diego parecia ser o único que se divertia.
 O único que não parecia cansado era o Trevor, que batalhava com vários cães ao mesmo tempo e vencia-os com grande facilidade.
 Samira tinha acabado de destruir um quando mais três surgiram na sua frente.
 - Agora chega - Disse ela - Cansei de vocês.
 Ela olhou para o primeiro, se concentrou o máximo que pode. O cão fez um barulho que parecia uma risada.
 - Não ria de mim seu verme desprezível! - Gritou Samira.
 Uma seta se formou em baixo do primeiro cão e ele foi jogado contra os outros dois, que desapareceram segundos depois.
 Samira ficou impressionada com a própria força e dessa vez ela não estava cansada como da outra vez, ela parecia mais forte e confiante. Agora eu vou botar pra quebrar. Pensou ela rindo.
 Lukas não estava em seus melhores dias, eles eram muitos. Precisava de ajuda. Um cão apareceu na sua frente e logo desapareceu com uma flecha bem no meio da testa.
 - Parem de aparecer! - Gritou ele - Esses vinte minutos não passam.
 Lukas não podia fazer mais nada se não lutar contra aquelas coisas, ele já não via mais os amigos. Eles estão bem, tem que estar. Pensou ele.
  Mais dois surgiram na frente de Lukas, ele pegou outra flecha e mirou na cabeça de um, quando viu a marca em seu braço. Kaze. Pensou ele. Guardou a flecha na aljava e esticou o braço para frente.
 - Mundo dos ventos. Responda ao meu chamado - Gritou Lukas - Kaze.
 Um círculo azulado surgiu na frente do Lukas com um desenho esquisito no meio e de lá surgiu uma garotinha de uns dez anos de idade, vestindo um vestidinho de seda branco com nenhum detalhe. Tudo nela era branco, tirando a pele, os olhos e os cabelos que eram cinza.
 - Você não era um pouquinho maior? - Perguntou Lukas.
 - Hai - Disse Kaze na maior alegria - Vamos brincar com eles primeiro e depois conversamos ta?
 Era uma Kaze totalmente diferente da outra, essa era mais animada e menor. Será a mesma que da outra vez? Perguntou a si mesmo.
 Quando voltou a si, Kaze já tinha destruído um dos cães e já estava nas costas do outro brincando de cavalinho.
 - Vamos, vamos cavalinho - Ria ela.
 - Essa garota é um perigo pra sociedade. - Disse Lukas.

 Diego não conseguia ver os amigos, nem suas almas. Trevor estava com ele, mas não fazia a menor diferença, já que ele nunca falou com Trevor antes. Diego destruiu em um único golpe três cães. Estou ficando bom nisso. Pensou ele. Ele olhou para Trevor na esperança de ver a alma dele e tentar adivinhar qual seria sua habilidade e se assustou com o que viu. Ele não tinha uma alma como qualquer um. Eram duas. Duas almas brigando pelo controle do corpo.
  - Mas o que? - Gritou ele
  - Diego! - Gritou Trevor - Acorda, atras de você!
  Diego voltou a si , e virou para trás, mas não deu tempo, o cão levantou a pata e acertou bem na barriga dele.
  - Diego! - Gritou Trevor novamente ao ver Diego sumindo na escuridão.
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(1) - Começar, Ativar, Ativação.
(2) - Olá galera, Olá pessoal.

domingo, 16 de junho de 2013

Ressonância 6º

Capitulo Seis

  A perna do Lukas latejava, mas a dor era suportável. Samira e Diego ajudavam-no a chegar em casa. Já era quase meia-noite, e não havia ninguém na rua. Diego havia parado de gritar depois que Samira quase dar outro chute nele. Aquelas coisas pareciam estar caçando eles e já estavam se arriscando demais saindo àquela hora na rua.
  Quando chegaram á casa de Lukas, percebia que a televisão estava ligada, pois todas as janelas estavam escuras, menos a janela da sala.
  - Meu pai está dormindo - sussurrou Lukas - Obrigado por me ajudarem, posso continuar daqui.
  - Tem certeza? - Desconfiou Samira.
  Lukas sabia que teria que inventar uma mentira muito maior que a queimadura no braço para seu pai, e seria uma tortura subir as escadas até seu quarto, mas ele não iria abusar dos amigos, afinal, eles também precisavam descansar.
  - Sim.
  Samira não ficou muito convencida, mas não queria discutir. Deu um abraço no Lukas e foi embora junto do Diego que apenas acenou de longe.

  Dentro da casa, Lukas tomava todo o cuidado para não acordar seu pai, mancando e com um pouco de dificuldade, subiu as escadas até seu quarto. Queria se jogar na cama, queria pensar que estivesse dormindo e aquela noite fosse apenas um sonho, mas não foi, aquilo tudo era real, aquilo estava acontecendo com ele.
  Foi até o banheiro e pegou o kit de emergências que seu pai deixa em uma maleta sempre que precisar. Foi até a pia do banheiro e lavou o ferimento, o pouco sangue que escorria começou a descer pela perna dele e manchar o chão. Isso não esta dando certo. Pensou ele. Com isso, pegou a toalha e secou, mesmo assim, pequenas gostas de sangue escorriam pela perna. Pegou um rolo de gaze e começou a enfaixar a área machucada para parar o sangue. Depois disso desceu para a cozinha e preparou o maior sanduíche que ele já vira, deixou um bilhete no colo do pai avisando que tinha voltado mais cedo e pegou carona com a mãe de Samira e foi para o quarto.

  Samira chegou bem em casa. Não foi atacada por mais nenhum homem ou mulher com garras. Foi acompanhada por Diego metade do caminho, quando chegaram a casa dele insistiu para que Samira ficasse lá, ou deixasse que ele a acompanhasse até em casa, mas ela rejeitou. Estava morta, mas criou coragem de tomar um banho, e do mesmo jeito que deitou na cama, adormeceu.

  Diego chegou em casa com seu bracelete no pulso. Apesar do horário, a família inteira estava acordada na sala, todos olharam para ele com exceção da avó, que sorriu ao ver que o neto usava o bracelete. Automaticamente começou a suspeitar que a avó soubesse que aquilo era mais que um simples objeto, mas estava tarde e não queria puxar assunto sobre aquilo.
***
  Samira acordou com o barulho do despertador, ela era a única menina que colocava seu celular para acorda-la em pleno final de semana.
  Depois de uma longa espreguiçada, foi até o guarda-roupa e trocou de roupa. Uma blusa roxa com uma caveira no meio, um short cinza e um all star preto. Depois foi até o espelho e começou a pentear seus lindos cabelos negros com pontas vermelhas. Enquanto penteava, começou a olhar seu quarto através do espelho. Um quarto perfeitamente quadrado, com uma janela bem no centro da parede oposta a da porta, a cama encostada na parede, seu computador de frente para o guarda roupa embutido na parede cor de madeira, as paredes eram pintadas de branco e roxo interligadas, aos pés da cama, antes de chegar á porta, encontrava sua guitarra, uma guitarra St1, da cor vermelho escuro. Samira sentou na cama pegou a guitarra para treinar um pouco. Ela gostava de tocar, isso a acalmava.
  Começou a tocar. Seus dedos deslizavam nas cordas, enquanto pensava na vida. A noite passada havia sido tensa. Samira ficou pensando o que realmente aquelas coisas queriam com ela. É muita coincidência ela e seus dois melhores amigos terem descoberto que podem fazer coisas entranhas e ser atacado por criaturas na mesma semana. Quanto mais ela pensava, mais depressa tocava, e mais alto o som saía. Quando ela voltou a si, sua mãe gritava da cozinha para ela parar de tocar tão alto. Reparou também que não estava mais sentada, mas sim, em pé.
  Achou melhor para de tocar, e quando foi colocar a guitarra no lugar um envelope caiu no chão. O que será? Pensou ela. Não me lembro de minha mãe ter falado que chegou correspondência pra mim.


  Ela pegou a carta do chão, virou dos dois lados, mas não havia remetente, apenas o nome da Samira em um dos lados e um endereço do outro lado. Ela abriu o envelope, o papel dentro parecia que tinha ficado dentro de uma gaveta por, pelo menos, cinquenta anos, era velho e ameaçava rasgar, as bordas totalmente rasgadas, porem a tinta usada para escrever o bilhete era recente. Ela sentou na cama e começou a ler a carta.


























  Por um tempo, Samira ficou para, olhando pedaços da carta que ela conseguia compreender. Setas. Mais alguém sabia do que ela era capaz de fazer. Isso é um truque. Pensou ela. Uma pegadinha, aqueles dois devem estar curtindo com a minha cara, mas, não parece com a letra de nenhum dos dois. E se for verdade? E se essa pessoa puder me ajudar? E se essa pessoa puder me explicar o que são aquelas coisas que estava na boate ontem? Eram muitos ''E se'', mas Samira tinha que se arriscar. O horário marcava 14h00min, eram 09h30min, tinha tempo de fazer as coisas e pensar mais a respeito.

  Lukas mal dormiu anoite. Sua perna não parou de doer. Quando conseguiu pegar no sono, já estava quase amanhecendo. Quando acordou, era quase onze horas, trocou de roupa e desceu para tomar café da manha. O pai havia deixado um bilhete dizendo que ia ao trabalho resolver uns imprevistos e só voltava anoite. Ótimo. Estou quase morrendo aqui de dor e o Ser foi resolver assuntos de trabalho em pleno sábado. 


  Depois de comer, foi até a sala e pegou seu livro para continuar sua leitura de ontem. Lukas adorava mitologia, principalmente mitologia grega-romana e egípcia. E o livro falava principalmente sobre isso. Sentou na poltrona reclinável e abriu na pagina que estava marcado com o marcador. Mas nem deu tempo de começar a ler. Na pagina continha um envelope preto. Será que meu pai me deixou um bilhete me mandando fazer milhares de coisas para ele? Pensou ele. Ninguém merece. Bufou e abriu a carta.

























    Definitivamente isso não é do meu pai. Lukas procurou no envelope quem havia mandado, mas nada encontrou.
  - Muita coincidência - Sussurrou Lukas - Muitas coisas estranhas acontecendo em apenas uma semana.
  Lukas olhou o endereço que estava no envelope. Eu conheço essa rua. Refletiu ele. Mas nunca vi nada lá que possa me ajudar com meu ''problema''.
  Lukas levantou, deixou o livro em cima da poltrona e foi para seu quarto se trocar novamente para sair a tarde.

  Diego já estava acordado antes do todos da casa. Ele estava no computador jogando seus jogos de tiro, que sua avó sempre mandava ele parar de jogar. Viciado em computador e basquete, sempre estava ocupado com os treinos, e nem mesmo de sábado ele podia descansar. Tinha um jogo á 13h30min naquele dia e era a sua chance de provar que não tinha pirado.
  Depois dos treinos e do jogo, todos os jogadores passaram a odiá-lo, já que ele não conseguia jogar mais graças a sua grande habilidade de ver esferas. Que utilidade. Pensava ele. Sempre que não podia, começava a enxergar aquelas coisas. E não foi diferente naquela manha.
  Diego estava almoçando com a família: o pai, a mãe e a avó. Estava todos animados, até mesmo Diego, que por um momento esqueceu todos os problemas que teve problemas noite passada. Mas começou a lembrar de quando viu no peito do pai uma esfera azul se formando. O mesmo acontecia com sua mãe e sua avó. Esfregou os olhos e as esferas sumiram.
  Depois disso praticamente engoliu a comida e subiu para o quarto se trocar para o treino. Pegou a mochila dentro do guarda-roupa e pegou a roupa. Mas junto com a roupa tirou um envelope preto com seu nome escrito na frente. Ele revirou os olhos, achando que fosse de alguma garota que colocou escondido na bolsa dele. Rasgou a borda do envelope e arregalou os olhos com o que lia.
























   
14h00min. Diego tinha que escolher entre ir á esse lugar ou ir ao treino. Por um lado se fosse ao treino, mostraria aos outro que ele não tinha pirado, por outro, se for ao lugar misterioso aprenderia a controlar sua habilidade e poderia jogar naturalmente. A opção número dois era a mais aceitável.
  Ele guardou a roupa dentro da mochila e desceu correndo para ir a um lugar desconhecido.
***
  Lukas foi o primeiro a chegar. Ele sempre passou por aquela rua e nunca tinha visto aquele lugar antes, ou melhor, nunca tinha reparado. 
  Parecia um castelo em miniatura, os portões eram de grades acinzentadas, tinha um espaço grande e vazio apenas com arvores e bancos e logo apos uma escadaria que levava ate a uma porta que ia para o interior. 
  - O que você esta fazendo aqui? - disse uma voz familiar atrás de Lukas
  Diego estava com uma expressão de cansaço. Veio correndo. Imaginou Lukas. Ele usava uma blusa de jogador de basquete, um short branco e um tênis comum.
  - Então foi você que mandou essa carta? - Perguntou Diego.
  Antes que Lukas pudesse responder, Samira apareceu virando a esquina, quando viram eles, sua expressão ficou de duvida com indignação.
  - O que vocês dois estão fazendo aqui? - Gritou ela - Estão me seguindo agora? Deixa-me adivinhar, foram vocês que escreveram essa carta? Posso saber o motivo?
  - Eu ia fazer a mesma pergunta a vocês - Disse Lukas.
  Todos pararam. Um ficou olhando para a cara do outro por alguns segundos. Depois eles tiraram do bolso o tal envelope preto, eram exatamente iguais.
  - Então - Disse Diego - Quem mandou a carta?
  Quando um ruído saiu do interfone do lugar, e uma voz de uma mulher começou a dizer.
  - Por favor, entrem. A senhorita S está à espera de vocês.
  Assim que ela parou de falar, as portas se abriram. Os três se entreolharam e entraram juntos. O caminho era um pouco longo, a distância entre o portão de grades e o porta de entrada estavam á cinquenta metros de distancia, e quando eles estavam subindo os degraus à porta se abriu.
  Não dava para ver muita coisa pelo lado de fora, a única coisa visível era uma mulher de uns vinte anos segurando uma caderneta contra o peito.
  - Olá - Disse a mulher, a voz parecia ser a mesma do interfone - Meu nome é Dianna, por favor, me sigam.
  - Mas, o que querem da gente? Por que nos chamaram? - perguntou Samira.
  Dianna olhou para trás, sorriu e disse:
  - As perguntas serão respondidas com a senhorita S, apenas sigam-me.
  Os três se entreolharam novamente, mas continuaram seguindo, mesmo sabendo que não poderiam voltar.
  O interior era muito maior que o exterior. Colunas de mármore subiam até o teto, um tapete vermelho se estendia pelo chão, e no centro desse tapete tinha um desenho. Lukas demorou a entender o que era aquilo. Uma agulha com um par de asas e um sol, uma lua e uma estrela no centro.
  - Esse é o brasão da nossa academia - Disse Dianna, como se adivinhasse o que Lukas estava pensando.
  Na frente tinha uma escada em espiral, e nas paredes laterais eram cheias de portas que Lukas não estava nem um pouco a fim de abri-las. 
  Ao lado da escada tinha uma porta diferente das outras, era cheia de detalhes e desenhos que nenhum dos três sabia o que era. Dianna parou em frente à porta.
  - Podem entrar. A senhorita S já esta esperando por vocês.
  Ela girou a maçante e fez um gesto para que os três entrassem. Sabendo que não tinha mais volta, Lukas foi o primeiro a entrar, seguidos de Samira e Diego.
  Lukas achou que tinha ido para o paraíso. Fileiras e fileiras de livros espalhados por todo o lugar, livros de todos os tamanhos e formas. O lugar era perfeitamente redondo. No centro encontrava-se uma mesa de leitura enorme. Samira parecia ser a única á ter visto uma mulher sentada na cadeira.
  - Eu morri e fui para o céu - Disse Lukas - Se nó fomos sequestrados, é o melhor sequestro que eu já vi.
  - A sala e redonda ''mano'' - Admirou Diego.
  - Vocês dois podiam voltar ao planeta terra - Gritou Samira - Tem uma mulher diabólica na nossa frente e vocês se preocupando com a sala.
  Lukas e Diego voltaram sua atenção para a mulher sentada na cadeira atrás da mesa de leitura. Parecia uma fada dos contos infantis, pele clara, os olhos aparentemente azuis, já que o olho direito estava coberto por uma mecha de cabelo, cabelos longos e claros amarrados em um rabo de cavalo. Vestia igual a uma secretaria. Ela se levantou e foi em direção a eles, o salto alto fazia barulhos arrepiantes pelo local, na blusa continha um broche igual ao desenho do tapete.
  - Achei mesmo que vocês viriam - Disse ela - Meu nome é Samantha. Bem Vindos a minha academia.

  Samantha caminhou ao nosso lado por todo o percurso. Ela mostrava cada canto da academia, explicava cada significado que os desenhos das portas. No térreo tinha apenas a grande biblioteca, banheiros e uma cantina, que tinha um cheiro muito bom. Depois ela nos levou ate o primeiro andar, onde se encontrava uma sala com vários sofás e uma lareira. De cada lado da sala tinha dois corredores.

  - Para onde vão aqueles corredores? - Perguntou Lukas.
  - Para os dormitórios - Respondeu Samantha - Nem todos conseguem esconder o que são capazes de fazer, e são forçados a fugir de casa ou são expulsos pelos próprios pais. Aqui eles têm segurança e conforto, alem de treinamento adequado para que possam viver no mundo lá fora.
  - Mas, está tão vazio - Comentou Lukas.
  - Muitas pessoas que ficam aqui tem pais Lukas - Respondeu ela novamente - Eles passam a semana aqui e o final de semana com os pais, ninguém é forçado a ficar aqui, pode entrar ou sair à hora que quiser, por tanto que esteja no horário dos treinos.
  Subiram mais um andar, e foi ai que Diego quase pirou. Era a céu aberto, tinha varias arvores e bancos como do lado de fora, algumas meninas estavam sentadas conversando enquanto meninos jogavam basquete na quadra.
  - Vocês tem quadra de basquete - Disse Diego - Por que ninguém me falou que tinha quadra de basquete nesse lugar.
  Samantha não pareceu ouvir, ou não se importou com o comentário de Diego. Ela apenas se virou e foi em direção à porta que voltava para a escada.
  - Venham, só falta mais um lugar que eu quero que vejam.
  Eles desceram atrás dela até chegarem no térreo novamente. Samantha ia em silencio e os três iam atrás dela sem fazer um único ruído.
  Ela foi até uma das portas do lado direito, era como, como qualquer porta de qualquer casa, mas tinha um desenho diferente no centro que não tinha nós outros.
  - O que significa? - Perguntou Samira.
  - Indestrutível - Respondeu Samantha como se a resposta fosse a coisa mais obvia do mundo.
  - Por que teria um símbolo de indestrutível em uma porta? - Sussurrou Samira para Diego.
  - Deve ser para a porta não quebrar - Ironizou Diego.
  A porta dava para uma escadaria que descia até um espaço enorme cheio de equipamentos de batalha. O lugar parecia ser maior que a própria academia, era de se imaginar o porquê que ficava no subterrâneo, devia pegar uns cem metros a mais dos limites da propriedade.
  - Aqui é a ala de treinamento - Disse Samantha - e ali em cima é onde supervisionamos todo o treinamento.
  Os três começaram a ficar com medo daquele lugar, imagina as batalhas que devem ocorrer aqui em baixo.
  - Venham - Chamou ela.
  Lukas estava cansado desse negocio de subir e descer, ir pra lá e ir pra cá. Mas, dessa vez Samantha os levou para a biblioteca gigante. Ela sentou em sua poltrona, sorriu de uma forma sarcástica e disse:
  - Então, vocês vão querer ingressar na academia?
  Houve um minuto de silencio e Samira foi a primeira se pronunciar.
  - Você esta maluca, tem noção do perigo?
  - Estou tentando ter uma vida normal e você me chama para treinar uma coisa que não me deixa ser normal? - Gritou Lukas.
  - Mesmo tendo quadra de basquete - Disse Diego - Não vou vim pra cá.
  Samantha se manteve calma e com postura.
  - Se acame vocês.
  - Como que você quer que eu me acalme. - Gritou Samira - Você escreve em uma carta mandando eu não me assustar. Você quase me mata do coração, mulher.
  - Então a resposta é não? - Quis saber Samantha.
  - Sim - Disseram os três juntos.
  Samantha respirou fundo.
  - Tudo bem. Mas lembrem-se - O rosto de Samantha ficou obscuro - Vocês tiveram sorte dos Onis atacarem vocês em locais públicos, mas estou curiosa para saber o que vocês vão fazer se eles atacarem quando vocês estiverem separados eles usarem seus parente como reféns.
  Ela percebeu que conseguiu o que queria, pois um sorriso maléfico formou em seu rosto.
  - O que é Onis? - Perguntou Lukas
  - São aquelas coisas que atacaram vocês naquela rua e os mesmo que atacaram na boate.
  Lukas sabia que aquelas coisas eram perigosas, e só venceram naqueles dias com a ajuda das habilidades e das armas, mas o que o pai dele poderia faze se aparecesse um lá em casa. Samira não poderia deixar que aquelas coisas atacassem sua mãe, uma pobre e indefesa mulher. Diego tinha que proteger sua avó, uma senhora de idade não pode ficar se aventurando assim.
  - Vou dar um tempo para vocês pensarem - Disse Samantha - Podem ir. Sabem onde fica a saída.

  Já era quase cinco da tarde quando eles saíram da academia. O clima estava pesado.
  - Ela tem razão - Disse Lukas - Se não aceitarmos, não poderemos proteger nossa própria família.
  - Tivemos sorte das outras vezes por que estávamos juntos. E se pegarem a gente separados?
  - Não sei vocês - Disse Diego - Mas aquela mulher me convenceu, vou para casa, inventar uma desculpa para ficar anoite fora de casa e vou vir pra cá.
  Lukas olhou para Samira.
  - Nos encontramos aqui as 07h30min? - Perguntou ele.
  Samira balançou a cabeça em sinal positivo.
***
  No horário marcado, os três estavam ali. A porta se abriu assim que eles pararam na frente.
  - Ela já esperava por nós - Ironizou Lukas - Por que será que não estou surpreso.
  Eles entram. À noite aquele lugar era muito mais sombrio, principalmente do lado de dentro. As sombras que os pilares de mármore faziam dava a impressão de estar sendo observado, o que era natural para os três.
  - Bem vindos - Disse Dianna saindo da lanchonete - Acho que vieram para ficar, já que trouxeram mochilas.
  - Decidimos que, já que temos essas habilidades, não podemos arriscar ninguém que conheçamos, então viemos para passar a noite - Disse Samira.
  Os garotos confirmaram com a cabeça.
  - Bom, ela sempre consegue o que quer mesmo, né? - Disse Dianna.
  Deve estar falando da Samantha. Pensou Diego.
  - Samantha já me disse tudo o que eu precisava saber sobre vocês - Continuou Dianna - Sigam-me.
  Os três a seguiram ate o primeiro andar. Sentada em um dos sofás, tinha uma mulher de uns vinte e cinco anos lendo uma revista de fofocas, tinha cabelos e olhos alaranjados, usava um vestido vermelho e sandália grega.
  - Syndely - Chamou Dianna - Era você mesma que eu precisava. Pode fazer o favor de levar Diego ate o dormitório das crianças de fogo, por favor.
  A garota olhou um instante para Diego, analisando-o.
  - Ele não parece nada com uma criança de fogo, mas tudo bem. Por aqui. - Disse ela acenando para que Diego a seguisse. 
  - Aonde ela vai leva-lo? - Perguntou Samira.
  - Ao quarto dele, alquimistas, como são chamados pessoas com habilidades iguais a vocês, contem uma força astral ligada aos quatro elementos da natureza. Diego está ligado ao fogo, já vocês dois estão ligados ao ar. Mas isso não cabe a min explicar. Vamos, vou mostrar seus quartos.
 Ela levou os dois ate um dos corredores. O ar dentro daquele corredor estava fresco. O lugar era cheio de portas, cada um era um quarto. Dianna parou no sétimo par de portas.
  - Samira, o seu quarto é a da direita, por enquanto você não tem companhia. Lukas, o seu é a da esquerda. Você tem um colega de quarto, mas ele esta com a família neste final de semana. A cama dele é a de baixo, então a de cima é sua. Boa Noite. - E saiu pelo mesmo lugar que entrou.
  Eram apenas oito horas da noite, mas parecia que Dianna estava os mandando irem dormir.
  - Boa noite - Disse Lukas para Samira.
  - Boa noite - Disse Samira para Lukas.
  E os dois entraram em seus devidos quartos.
  O quarto de Lukas era perfeitamente quadrado, tinha um beliche, uma escrivaninha, um ventilador de teto, um tapete redondo com o brasão da academia, e um guarda-roupa embutido. No quarto continha outra porta, Lukas abriu e teve uma surpresa, era um banheiro. Ele também teve outra surpresa, o quarto estava arrumado demais para um quarto que já mora uma pessoa.
  Lukas decidiu que, já que não tinha nada para fazer, deveria tentar dormir. O dia foi tão corrido e estranho que ele tinha esquecido completamente da perna machucada. Quando ele deitou, a perna voltou a doer, mas ele não sabia se estava doendo por que relaxou a perna ou por que tinha lembrado que ela estava machucada. Mas não demorou muito para pegar no sono.
***
  No dia seguinte, Lukas e Samira acordaram juntos e estavam na escada da frente da academia, Lukas lendo um livro que pegou da biblioteca e Samira olhando as nuvens.
  Já era outono, e com isso o frio vinha.
  - Olha lá - Disse Samira apontando para uma nuvem - Aquela nuvem ali parece um gatinho.
  Lukas revirou os olhos e voltou a sua leitura.
  - Bom dia - Disse Diego.
  Ele usava a mesma roupa de ontem e estava com uma bola de basquete na mão.
  - Você dorme com a bola? - Pergunto Samira.
  - Claro que não. Passei na quadra antes de vir para cá e os moleques me deixaram pegar.
  Diego sentou em um dos degraus e ficou batendo a bola no chão.
 Tudo estava em silencio, apenas os pássaros cantando, quando eles escutam o barulho do portão de grade se abrindo. Uma figura totalmente sinistra surgiu andando em direção a eles. Não dava para ver um centímetro de pele, estava tudo encapuzado, uma capa de cor azul marinho cobria todo o corpo. O que mais chamava a atenção era que em uma mão tinha uma mala e na outra mão tinha uma foice de lamina prateada.
  Quando passou pelos três, Samira foi à única dos três que cumprimentou o garoto.
  - Oi. Tudo bom? Bem vindo!
  Lukas olhou para o rosto, na esperança de ver alguma coisa, mas a única coisa que viu foi um pequeno sorriso se formando. Familiar, muito familiar. Pensou ele.
  - Olá - Disse o encapuzado - Obrigado.
  E entrou na academia e a porta se fechou atrás dele.

domingo, 9 de junho de 2013

Ressonância 5º


Capitulo Cinco



  - Você o que? - Gritou Samira.
  - Eu não sei mais o que fazer. - Confessou Diego - Essas coisas aparecem toda hora que eu olho para alguém.
  Diego e Lukas  estavam na casa de Samira. Lukas já desconfiava que Diego tivesse um segredo desde que ele resolveu ir à casa de Samira. Ele nunca vai lá, a não ser que queira contar algo muito importante.
  - E essas esferas, como elas são? - Quis saber Samira.
  - A maioria é azul. - Respondeu Diego - Menos a de vocês dois. São diferentes.
  Lukas permanecia quieto desde o momento que Diego contou sobre as esferas que via. Então não somos os únicos. Pensou ele. O que esta acontecendo com a gente?
  - Não se preocupe - Disse Samira segurando as mãos de Diego - Estamos com você.
  - Mas você estava certa Samira - Disse Lukas finalmente - Ele tem o mesmo problema que a gente.
  O clima na casa ficou mais tenso, Samira abaixou a cabeça enquanto soltava as mãos de Diego, que parecia curioso pelo o que Lukas havia dito.
  - O que você quer dizer com ''o mesmo problema que a gente''? - Disse Diego finalmente - Vocês também podem ver essas esferas.
  Samira e Lukas negaram com a cabeça ao mesmo tempo. A sensação de estar sendo observado era forte que parecia incomodar todo mundo.
  Diego observava os dois esperando uma resposta direta. Lukas e Samira se entreolhavam para ver que iria responder aquela pergunta.
  - Eu posso movimentar qualquer coisa que eu queira dentro de um determinado espaço. - Respondeu Samira em sussurro.
  - Eu posso invocar um espirito de uma garota que move o vento. - disse Lukas.
  Diego estava de boca aberta. E sentia uma ponta de inveja. Samira e Lukas tinham habilidades muito legais e ele só podia ver esferas que nem ele sabia dizer o que era.
  Lukas começou a desenrolar as faixas que cobriam seu braço, revelando a faixa negra que ia da sua mão ate próximo ao ombro.
  - É por isso que estou com essas faixas - Continuou Lukas - Isso apareceu na vez que eu invoquei a garota.
  Diego ficou calado. Aquele assunto acabou com toda a alegria que restava na casa, Lukas manteve-se sentado na poltrona, Samira foi ate a janela e ficou brincando com o vidro e Diego ficou parado onde estava sem mexer um músculo.
  - Bom, não podemos fazer nada em relação a isso - Disse Samira - O que nos resta e seguir com a nossa vida, o que pior pode acontecer?
  Diego e Lukas se entreolharam. Sempre que Samira falava aquilo algo ruim acontecia.
  - Certo - Disse Diego - Vai ter uma balada hoje à noite á três quadras da minha casa. Quem quer se divertir?
  - Estou dentro - disse Lukas.
  - Não vou ter nada melhor pra fazer mesmo - resmungou Samira.
  Lukas caminhou até a porta, girou a maçaneta e virou-se para trás pra se despedir dos amigos quando algo o perturbou. Um vulto passou pela janela lateral da casa, a sensação de ser observado voltou quase que imediato. Com um rápido movimento, Lukas se despediu, fechou a porta e já estava do lado de fora correndo para o lado lateral da casa procurando o dono daquele vulto. Mas nada encontrou.
***
  Era quase oito horas quando Lukas tocou a campainha da casa de Samira.
  O pai dele tinha concordado em levar os três na balada apesar de não ter concordado com facilidade a ideia de sair para ir a um lugar que não se sabe nem o nome.
  Lukas estava usando uma blusa cinza comum sem nenhuma estampa, uma jaqueta preta e uma calça jeans comum, com algumas marcar no joelho. Usava o mesmo tênis preto com verde que ia para a escola.
  O pai esperava no carro e Lukas já havia tocado a campainha umas três vezes e iria apertar a quarta, quando a porta abriu.
  - Desculpa a demora Lukas - Disse Samira - Vamos?
  Lukas não respondeu. Samira vestia uma blusa preta com a frase "Rock'n Roll" escrito na frente. Usava um short curto jeans, uma meia-calça preta por baixo e uma sapatilha vermelho sangue.
  - Eu sei, eu sei - disse ela - estou ridícula.
  - Não - disse Lukas - Quero dizer, você está linda.
  Samira ficou olhando para ele, depois colocou uma mexa de cabelo atrás de orelha e riu.
  - Arigato – Disse ela e lhe deu um abraço - agora vamos.
  Lukas ficou parado por alguns segundos e quando voltou a si, seu pai estava encarando-o com uma das sobrancelhas levantada. Ele ignorou o gesto do pai e entrou no carro rumo à casa de Diego.
  Sempre que eles iam para algum lugar, Diego era o primeiro a ficar pronto e sempre ficava do lado de fora esperando a carona, e naquela noite não foi diferente. Quando o pai de Lukas parou o carro, ele estava junto de sua vó na escada da casa, Lukas desceu para chamar o amigo. Diego se despediu da avó e foi em direção ao carro.
  - Vocês poderiam chegar um pouquinho mais cedo, por favor? - ironizou Diego entrando no carro.
  Ele vestia uma blusa de com varias estampas de basquete, uma blusa do time para impressionar as garotas, uma calça jaens meio rasgada no joelho e próximo aos pés e um tênis preto e laranja.
  - Diga isso pra atrasadinha ai atrás - respondeu Lukas.
  Samira resmungou alguns xingamentos que Lukas não ouviu.
  Quando Lukas ia em direção ao carro, a avó de Diego o chamou em um sussurro e falou:
  - Lukas, quero que faça um favor pra mim.
  Ele respondeu apenas com um olhar de preocupação.
  - A senhora esta bem?
  - Sim obrigada, mas - disse ela, e deu uma pausa - quero que faça Diego usar isto.
  Ela entregou a Lukas um bracelete prateado, a mão de Lukas formigou quando tocou o objeto.
  - Creio que isso irá ajuda-lo no futuro.
  Lukas não sabia o que um bracelete poderia fazer de tão importante um dia, mas não queria dizer isso, então apenas acenou um sim com a cabeça e foi até o carro.

  Dois minutos depois e os três já estavam na fila para entrar na balada.
  - Eu não acredito que vocês me arrastaram para esse lugar. - Resmungou Samira.
  - Você disse que não tinha nada melhor pra fazer - respondeu Diego.
  Lukas mal escutava os amigos com toda aquela musica. Se já esta barulhento aqui fora, imagina la dentro. Pensou ele. Um calafrio percorreu seu corpo, a sensação de estar sendo seguido voltou novamente. Não havia ninguém suspeito na fila, nem na rua.
  Apos uns cinco minutos na fila, os três entraram.
  O lugar era totalmente pequeno, o máximo que aquela casa noturna comportava devia ser 150 pessoas, as paredes eram revestidas com um tecido preto, ao lado da porta estava o bar, com um balcão que ia da porta até a outra parede do lado, Samira e Lukas sentaram nos bancos e começaram a ver o que continha naquele lugar. Diego era o único que não parecia à vontade ali.
  - Diego! - Disse Samira, tentando falar mais alto que a musica - Você sempre foi à uma da festa, por que esta ai parado?
  Diego não respondeu, apenas ficava olhando as pessoas a sua volta.
  - Diego - Disse Lukas - você precisa se acalmar você só vê essas esferas quando está sobre pressão ou com muito medo, sei disso por que você só viu essas coisas quando estava jogando basquete. Então quero que vá ao centro daquela boate e comece a se divertir. Agora!
  Diego começou a rir, mas não saiu do lugar.
  - Eu tentei - Disse Lukas para Samira.
  Samira havia pedido duas batidas simples de morango e os dois ficaram sentados conversando. Parecia que Diego tinha ficado entediado, pois sai do perto dos dois amigos e foi em direção ao centro da festa para dançar um pouco.
  - Eu sabia que ele não iria durar muito.
  Samira começou a gargalhar. E Lukas se sentia muito bem quando seus planos davam certo.
  Lukas e Samira começaram a conversar sobre diversos assuntos e Diego dançava e conversava com uma garota que tinha conhecido ali. Ele estava bem, não via mais as esferas. Lukas estava certo, não vejo mais aquelas coisas. Pensou ele aliviado.
  Lukas estava se divertindo conversando com Samira, até que tudo começou a dar errado.
  Para começar, uma caixa de som foi arremessada contra a parede oposta ao bar, com o barulho e o que restou da caixa fez as pessoas entrarem em pânico e correr para a saída. Lukas começou a procurar Diego no meio de toda aquela multidão.
  - Ali - Gritou Samira.
  Diego estava paralisado no meio da boate e na sua frente estava à garota que ele estava conversando. Garota? Aquilo ainda parecia uma mulher, mas no lugar das mãos havia garras enormes, o cabelo estava enrolado e totalmente mal cuidado. Atrás dela surgiram mais três homem que estavam na mesma condição que ela e havia um que era estranhamente familiar para Lukas e Samira.
  - Finalmente encontrei um de vocês - Disse a garota.
   Droga. Pensou Lukas. De novo não.
  Eles não pareceram ter notado o Lukas e a Samira, mas estavam muito interessados no Diego.
  - Vamos destrui-lo e depois devorar sua alma - urrou o primeiro homem.
  Parecia que ele era novato no ramo de matar pessoas, pois ele foi o único que foi em direção ao Diego, que se encolheu para receber a pancada. A coisa estava quase chegando, quando sua cabeça estourou e o que restou se desintegrou. Diego ergueu a cabeça e ficou confuso por não tem mais ninguém correndo em sua direção, as outras coisas começaram a procurar o que havia atingido seu companheiro, quando seus olhos se voltaram para Samira. Ela estava com as duas colts na mão e uma apontava diretamente para onde o "homem" estava.
  - Eu sou uma pessoa calma. Sou uma pessoa gentil - Disse Samira com os dentes cerrados - Mas tudo tem um limite, e vocês conseguiram me deixar irritada.
  Até o Lukas pareceu impressionado com a atitude se Samira.
  - Vocês - Rugiu o ultimo homem.
  Lukas se lembrou daquela voz, era o cara que eles tinham enfrentado três dias atrás. A raiva dentro do Lukas cresceu, e em uma fração de segundo, ele havia retirado os anéis do dedo, que automaticamente se transformaram no arco e na aljava de flechas.
  Os três seres não pareciam muito impressionados com a cena, pois nenhum deles havia recuado.
  - Diego! - Gritou Lukas - Venha pra cá!
  Ele mais que depressa saiu correndo e ficou do lado dos dois amigos.
  - Sinto a presença de mais dois - disse a garota - ótimo, cada um fica com a alma de um.
  - Eu beijei você? - enjoou Diego.
  Sem responder, os três partiram em direção aos três amigos.
  Um deles, que usava o manto preto, que tinha atacado eles antes, foi em direção ao Lukas, que ergueu o arco e atirou uma flecha, mas no ultimo segundo o inimigo virou-se, fazendo com que a flecha acertasse seu ombro. Ele urrou de dor e bateu com suas garras enormes o corpo de Lukas, jogando-o contra a parede próxima ao bar. A garota foi em direção ao Diego, mas Samira apareceu na frente e atirou em sua cabeça. Ao invés de virar fumaça como o outro, a garota apenas foi para trás um pouco tonta.
  - Sua miserável - gritou a garota.
  Samira estava prestes a atirar de novo quando o outro "homem", que estava bem vestido como se estivesse indo em um casamento, se jogou contra Samira e a empurrou contra o pilar que tinha próximo a sala do DJ.
  Lukas se levantou, tirando a dor nas costas que ele sentia, nada poderia detê-lo naquele momento. Nada poderia impedi-lo de matar aquela coisa. Ele pegou mais uma flecha e mirou bem na testa do inimigo, respirou profundamente e atirou, mas parecia que era aquilo que o cara queria, pois ele desviou com facilidade e pulou e empurrou o Lukas, fazendo-o cair no chão. Antes que ele pudesse pensar em se levantar, o cara já estava em cima dele.
  - É aqui que isso termina - disse ele.
  Com suas garras, ele apertou a perna esquerda do Lukas, que deu um grito de dor que ecoou pelo ambiente.
  - Você caiu na minha armadilha garotinho - gargalhou o "homem".
  Lukas conseguiu conter a dor e olhou fixamente para aquela coisa.
  - Não - disse ele com um meio sorriso - VOCÊ caiu na minha armadilha.
  Lukas estava com uma flecha em cada mão, e reunindo toda a força que tinha fincou-a no peito do cara. Ele rugiu de dor e saiu de cima do Lukas e segundos depois virou fumaça.
  Lukas lutou para ficar sentado, sua perna ardia muito e ele não poderia ajudar seus amigos. Olhou a procura de Diego e Samira.
  A garota se recuperou do tiro que levou na cabeça e foi em direção a Samira que estava presa nas garras do homem bem vestido.
  - Ela é minha - disse ela - Vá cuidar do garoto assustado.
  O homem não pareceu gostar da ideia, mas foi. Diego gritava para ele se afastar, o que provocou uma crise de riso no cara. Ele pegou o Diego pelas pernas e o erguer. Depois levantou as mãos para desferir um golpe que rasgaria a pele de Diego. O que eu vou fazer? Pensou Lukas. Se ele, pelo menos, tivesse uma... Quando a ficha do Lukas finalmente caiu. E duas frases vieram em sua cabeça: "quero que faça Diego usar isto.", "Creio que isso irá ajuda-lo no futuro".
  Agora tudo parecia fazer sentido. Lukas retirou o bracelete do bolso, parecia brilhar com a luz do lugar. Ele tinha que entregar aquilo para o Diego.
  Lukas olhou novamente e Diego se debatia para sair dali, isso divertia ainda mais o cara.
  - Diego! - Gritou Lukas - Pega!
  E jogou o bracelete.
  Para a sorte dos três, Diego pegou.
  - Um bracelete? - Gritou Diego - O que eu vou fazer com isso?
  Quando ele terminou de falar, o bracelete começou a brilhar, uma luz meio alaranjada que iluminou o lugar. Quando a luz diminuiu Diego não segurava mais um bracelete, mas sim uma espada meio curvada com sua base de uma mistura de vermelho com laranja e sua lamina da mesma cor que era o bracelete.
  Diego ficou impressionado com o que segurava. Ele poderia ficar admirando aquela espada o dia inteiro se não tivesse preso pelos pés. O cara ficou serio e parece ter pressentido o perigo, pois erguer mais ainda as garras e estava preste a descer, quando Diego fez algo que impressionou até o Lukas. Ele segurou a espada com as duas mãos e com um movimento rápido cortou o homem bem vestido ao meio. Sangue negro foi jorrado pelo corpo de Diego, que caiu no chão enquanto o cara desaparecia em fumaça. Diego não pareceu notar que o homem havia sumido, estava mais preocupado que tinha beijado um monstro e que tinha ganhado um brinquedinho novo que ficou sentado onde caiu admirando a espada.
  Depois que o cara bem vestido havia soltado ela, Samira tomava cuidado para não ser pega novamente. A garota era inteligente, mas era lerda. Samira conseguia desviar de todos os ataques dela, mas não poderia ficar ali a noite toda. Samira tinha que engana-la.
  - Lute feito uma guerreira - gritou a garota.
  Samira então teve um plano, ela conseguiu dar três passos para trás, até encostar na parede.
  - Sem saída garotinha - riu ela.
  - Então venha me pegar - Provocou Samira - Se você se acha tão poderosa.
  Parece que deu certo. A garota se posicionou e pulou na Samira, que pegou um impulso com o pé na parede e passou por baixo dela.
  Quando a garota se virou para ver onde estava a Samira, deu de cara com o cano de uma das colts da Samira.
  - Você não vai atirar - disse a garota - você não tem coragem.
  Samira a encarou por um momento e depois disse:
  - Bela tentativa, mas não vou cair nessa.
  O rosto da garota expressava pânico antes que Samira apertasse o gatilho e sangue jorrasse por todo o lado e a garota virasse fumaça.

  Samira correu até Lukas e tentou-o a levantar para tira-lo de lá antes que a policia aparecessem. Tanto as colts quanto o arco e a aljava voltaram a serem os objetos normais. O único que mantinha sua arma ativa era Diego que ficava admirando sua arma.
  - Sei que isso é muita coisa pra você processar Diego - Disse Samira - Mas prometemos que quando a poeira abaixar nos contaremos tudo.
  Diego olhou para ela com um olhar de preocupação.
  - Você poderia começar contando - Disse ele - Quando foi que vocês se tornaram mercenários e matadores de criaturas demoníacas?
  Os olhos de Diego pareciam brilhar como se aquilo fosse uma coisa boa.
  - Vocês viram o que eu fiz com aquela espada, eu cortei um cara no meio, essa foi à coisa mais legal que eu já fiz na vida.
  Ele parecia ser o único que tinha gostado da noite.
  - Diego - Disse Samira - Isso não foi nada legal, podíamos ter morrido lá. Espero nunca mais ver eles, já é a segunda vez que deparamos com aquelas coisas.
  - Serio? - Perguntou Diego - E como foi?
  Lukas revirou os olhos.
  - Será que alguém poderia me levar para minha casa para que eu coloque um curativo na minha perna antes que ela piore?
  - Gomen nasai Lukas - Disse Samira.

  Diego continuou a falar sobre sua experiência na boate, como se aquilo foi a melhor coisa que já aconteceu em sua vida, sem saber que no dia seguinte tudo poderia mudar.