domingo, 20 de julho de 2014

Ressonância 59º

Capitulo Cinquenta e Nove

Avaliação Anual - Parte 3

  - Estamos perdidos, não estamos? - Perguntou Lukas.
  - Este arbusto é familiar - disse Kaze.
  Desde que tudo virou pedaços de chão flutuantes, Lukas se perdeu de todos e sua única companhia era seu espírito. Pouco a pouco, gramas começaram a nascer nas plataformas e algumas continham até arbustos e arvores.
  - Desse jeito não vamos achar nada - Disse Lukas - Devemos estar andando em círculos.
  Um grito curto vindo de sua esquerda, chamou a atenção de Lukas. Com um pouco de impulso, ele pulou de uma plataforma para a outra. Olhou de um lado para o outro, mas não viu ninguém. Pulou para a próxima plataforma, mas nada viu. Mais uma vez pulou para outra plataforma, e olhando para baixo, viu em uma outra plataforma duas mãos agarradas na borda, tentando se segurar para não cair.
  - Temos que ajudar - Disse Lukas.
  Ele olhou para baixo e viu que a queda seria um problema.
  - Consegue me levar até lá embaixo? - Perguntou Lukas para Kaze.
  - Pule - Disse ela - Meus ventos amorteceram a queda.
  Lukas respirou fundo, correu para a borda e pulou. Primeiro a queda livre e Lukas pensou que Kaze havia se esquecido dele. Logo depois começou a perder velocidade, e aterrissou sentado. Kaze apareceu do lado dele, sorrindo.
  Lukas se levantou e foi ajudar quem quer que fosse. Quando chegou lá, viu Laura se esforçando para não cair.
  - Laura! - Disse ele já puxando a menina pelos braços.
  - Obrigada Lukas - Disse ela.
  - O que houve? - Perguntou ele.
  - Eu estava procurando os altares, quando vi Max. Eu fugi antes que ele pudesse me ver, comecei a olhar o mapa, e acabei não vendo por onde ia.
  - Mapa?
  - O objeto que estava naquele altar no começo da avaliação. Era um mapa. Não mostra onde estão todos os objetos, mas já esta ajudando muito.
  - Tínhamos um mapa - Disse Lukas sem acreditar.  - Tínhamos um mapa o tempo todo.
  Laura concordou.
  - Vamos ver isso então - Disse ele - Podemos terminar isso mais cedo do que imagina.
***
  Trevor se encontrava em uma das poucas plataformas da região. Era enorme e continha ruínas de alguma construção não identificada. Não havia encontrado nenhum objeto e esperava que Laura ainda estivesse com o dela. 
  Seu plano estava funcionando até mudarem o cenário. Não podia ver nem ouvir os outros, então não podia saber o que estava acontecendo com eles. Tudo  o que sabia sobre os três amigos, ele criava varias suposições em sua cabeça, sobre o que cada um faria. 
  Começou a rodear a ruína esperando encontrar outro altar, mas nada viu. 
  - Te achei - Disse uma voz atrás dele.
  Max acabara de subir na plataforma. Usava uma blusa regata branca e uma bermuda. Parecia mais que estava preparado para uma corrida.
  - Eu sabia que poderia te encontrar por aqui - Disse Trevor.
  Max que aproximou de Trevor, mantendo cada vez uma distancia menor entre eles.
  - Então você é o Trevor? - Perguntou retoricamente Max.
  Ele não respondeu, apenas observava. Ele reparou nas mãos de Max, brilhando em brasa.
  - O que você é capaz de fazer é curioso. - Disse Trevor - Fácil de entender, mas curioso. Estou começando a entender a ligação existente nele.
  Max não pareceu surpreso, muito menos expressou alguma reação ao comentário de Trevor.
  - Não estamos aqui para conversar Trevor. - Disse Max. - Prepare-se.
  Max sabia que Trevor tinha uma arma, tinha visto na visão. Uma foice. Cerrou os punhos de brasa e se preparou.
  Trevor apenas sorriu.
  - Lutar com você é perda de tempo. - Disse Trevor - Não vou lutar com você, não agora. Tenho outras coisa mais importantes para fazer. Mas me responda, qual sua habilidade?
  Max não responde de imediato.
  - Por que você quer saber? - Respondeu Max com outra pergunta.
  - Nada de mais - Respondeu ele - Apenas quis confirmar algo, mas parece que nem mesmo você sabe. Até.
  Trevor pegou em sua cruz, transformando-a em foice. Com um impulso ajudado pelo cabo da foice, deu um salto e passou por cima do muro. Desaparecendo do outro lado.
  - Droga - Queixou-se Max.
  Ele foi até a parede da ruína. Colocou a mão na superfície fria de pedra. O material começou a esquentar e em menos de segundos, a parede explodiu. Trevor já não estava mais lá.
  - Cadê ele? - Perguntou Max.
  Ele andou até chegar na borda da plataforma, pulou para a mais próxima e olhou ao redor, mas literalmente Trevor sumiu.
  Um silencio pairou sobre o ar, mas não por muito tempo. Vozes ecoaram pela direita, e Max sabia muito bem de quem era. Correu por aquela direção.
***
  - Tem certeza de que é por aqui? - Disse Laura. 
  - É o que o mapa ta dizendo. - Respondeu Lukas.
  Os dois estavam mais perdidos com o mapa do que antes. A uns segundos atrás, eles escutaram um barulho de explosão e decidiram fazer uma rota diferente, na esperança de passarem longe do que eles pensavam ser uma batalha entre dois deles.
  Agora um ajudava o outro a passar por plataformas e ler o mapa. Kaze permanecia no ao lado de Lukas, quieta. Ele não sentia sua energia se esgotar, o que fazia pensar se depois da ultima missão ficara mais forte.
  Chegaram em uma plataforma diferente das demais. Uma pequena lagoa, que mais parecia uma poça de água, se encontrava próximo a beirada da plataforma. Suas águas quase caiam para o além.
   - Oi Lukas - Disse a voz acima dele.
  Max estava sentado na borda de uma plataforma bem acima deles.
  - Só pode ser brincadeira - Disse Lukas.
  O vidente saltou e parou bem na frente deles.A cara dele era como se tentasse dizer ''Já sabe o que vai acontecer agora. E inevitável''
  - Laura continue - Disse Lukas - Achei os outros objetos.
  - Mas, Lukas - Começou Laura - Max prevê o futuro, atacar ele é impossível.
  - Não vou vence-lo - Sussurrou Lukas para Laura - Apenas atrasa-lo, sei que não posso vence-lo.
  Laura olhou para ele, mas logo abaixou a cabeça, concordou e correu, pulando para a próxima plataforma. Max acompanhou ela com o olhar, deixando a menina ir. 
  Kaze se colocou entre os dois. Lukas ativou seu arco. A mão de Max começou a brilhar. 
  - Manteve Kaze invocada por muito tempo Lukas - Disse Max - Isso te atrapalhara, já que é o espírito que tem o contrato.
  - Como é? - Disse Lukas confuso.
  Max investiu, correu em direção a Lukas e Kaze. Mais que depressa, o espírito criou uma rajada de vento para empurrar Max para trás. Ele por sua vez, desviou do ataque com grande facilidade. E continuou avançado em direção aos adversários. 
  Kaze virou-se para Lukas e o tocou, fazendo os dois sumirem no instante em que Max atacara. Apareceram um metro para frente, enquanto Max parava a alguns metros de distancia, quase caindo da plataforma.
  - Com ele prevendo o futuro, vai ser difícil ataca-lo - Disse Kaze.
  Prever o futuro. Pensou Lukas.
  O garoto sentiu a temperatura subir. Seus pés começaram a queimar. Olhou para baixo e viu a grama morta e alguns tufos queimando. Lukas pulou e saiu da área queimada, mas logo, a parte onde estava também começou a queimar.
  Lukas viu Max apontando para o chão onde ele estava. Tinha que agir. Por impulso, retirou uma flecha da aljava e atirou. Logo que soltou a corda do arco, percebeu o que estava fazendo, mas era tarde demais. A flecha acabou acertando bem no peito de Max. Lukas gelou.
  Max colocou a mão no peito e deu um breve grito de dor. Logo reparou que nenhum dano físico foi causado. 
  A flecha não machuca. Pensou Lukas. Causa a mesma dor, mas não cria o ferimento. A arma foi criada exclusivamente para matar Onis.
  - Esperto - Pensou Max - Nunca pensei que você atiraria em mim.
  Pensou. Concluiu Lukas novamente.
  - Tive uma ideia - Falou Lukas. - Feche portal dos ventos.
  - O que? - Gritou Kaze antes de desaparecer.
  Lukas preparou uma flecha e se concentrou. Max sorriu para ele e se preparou para o ataque.
  Antes que Lukas pudesse notar, Max já estava na sua frente com os dois punhos cerrados vindo para cima do garoto. Rápido. Pensou Lukas. 
  Só deu tempo do garoto colocar o arco na  frente para se defender. A mão em brasa entrou em contato com a madeira do arco, e por incrível que pareça, dessa vez não esquentou. 
  - Eu vejo - Disse Max provocando Lukas sobre sua habilidade.
  Nessa hora foi a vez de Lukas rir.
  - Não vê não. - Disse Lukas.
  Pela primeira vez naquela avaliação, Max ficou serio.

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